Celso Anauate, conhecido como Alemão, nasceu em 18/11/1949 é associado do clube desde 25/06/1952, quando tinha 3 anos. Casado, com 2 filhos, são 51 anos de Copa Sírio, quase 1.000 jogos, 750 gols, mais de 30 títulos e muitas histórias
Q: Alemão, conta um pouco da sua história no clube, quando começou a frequentar o clube e jogar futebol? Quem te influenciou?
R: Comecei a praticar esporte no clube em 1962, com 12 anos, comecei praticando basquete. Em 1966, fui influenciado pelos irmãos Wlademir e Wagner Feres, que me viram jogar futebol de areia em Santos onde passava férias com minha família, e me convidaram para jogar no time deles. Assim comecei a jogar a Copa Sírio, em 1966, com 16 anos, pelo time do Fluminense. Comecei jogando a categoria B, de ponta direita, era rápido, corria muito, e já me destaquei fazendo gols desde os primeiros anos no futebol. Ai me chamavam para os jogos da categoria A, comecei no banco depois de 2 anos já era titular e jogava as duas categorias.
Q: Quais as curiosidades daquela época, que lembranças você tem de gols, jogos importantes e títulos que conquistou na Copa Sírio?
R: Os times eram fixos, a famosa panelinha existia desde aquela época, joguei pelo Fluminense muitos anos, os times não mudavam de nome. Acho gostoso jogar entre amigos, sou a favor da panelinha até hoje, mesmo que fosse parcial. Naquela época não existiam juízes e os próprios sócios apitavam os jogos. Salim Bitar, Calil Saide, Piau e Ademar (que tinha uniforme preto completo de juiz) eram os que mais atuavam. Os jogos mais disputados eram os interclubes, lembro um jogo contra o Indiano em 1979 em que ganhamos por 3 a 2. Não existia a arquibancada, as pessoas ficavam em volta do campo todo para torcerem, ficava lotado de gente assistindo. Meu companheiro de ataque era o Kri (que fez 2 gols este jogo) mais meu parceiro, o jogador que mais gostava de jogar, era o Buchala, que jogava muito. Jogavam na minha época entre outros Tinóia, Tico, Piau, Bacalhau, Russo, Raul Leopoldo, Celso Mula e Beto Fuscão.
No final de março de 1980, sob o comando do Ademar Aschar, montamos um time de associados amigos e fomos atender um convite para realizarmos 2 jogos na Alemanha, um na cidade de Langelfeld e outro em Munique, no primeiro perdemos de 5 x 1 e no segundo ganhamos de 4 x 1 embaixo de neve, e modéstia a parte, marquei 4 dos nossos 5 gols. Para viabilizar esta viagem, tivemos que realizar um grande Bingo com o sorteio de um carro para compra das passagens; e contamos com a colaboração do saudoso Jorge Domingos na preparação física dos nossos atletas. Após 7 dias de viagem, várias esposas nossas foram nos encontrar e cada um seguiu um roteiro, individual ou em grupo, para conhecer várias cidades da Europa, retornando somente no início de Maio/80, cerca de 40 e poucos dias de viagem.
Q: Como foi sua carreira em relação a disciplina e contusões? Tem algum momento que te marcou negativamente nestes anos de Copa Sírio?
R: Sempre fui de reclamar com os juízes, mas com educação. Devo ter sido expulso 4 ou 5 vezes nestes 51 anos, mas nos primeiros 20 anos, acredito que nos últimos 30 anos não tenha sido expulso nenhuma vez. As expulsões eram por reclamação, uma somente foi por agressão (um chute no Cateb) que era bem chato jogando bola rsrsrsrs
Sempre sofri com câimbras, pois jogava 2 jogos no mesmo dia, categorias A e B, tive uma contusão no tornozelo jogando futsal no Club Homs e já com 35 anos de idade tive uma contusão no joelho (Rótula e cartilagem) e acabei fazendo minha primeira cirurgia. Naquela época a fisioterapia não era como hoje, fiz 20 sessões mas voltei antes do tempo a jogar e sempre senti dor no joelho. Até que tive que operar novamente em meados de 2005. Desde então meu joelho nunca mais foi o mesmo, sempre sinto dor após os jogos.
Vivi dois momentos muito tristes na Copa Sírio que foram os falecimentos do Edgar Jadão e do Demetrio Moherdaui. Este último inclusive estava no campo jogando contra ele, tinha conversado com ele 5 minutos antes do ocorrido. Foi um domingo de 2003 que fazia muito calor. Infelizmente tivemos estes momentos tristes que sentimos muito.
Q: Alemão, fala um pouco da sua vida pessoal, família, time de coração, ídolos?
R: Sou casado com a Telma a 37 anos tenho dois filhos, a Camila (33) e o Felipe (31). Um dos maiores prazeres que tive nestes 51 anos de Copa Sírio era o Felipe desde pequeno vir assistir eu jogar. Era ele e o Daniel (filho do Renato Dávila) que eram muito amigos, dormiam na casa um do outro e iam para o clube juntos ver os pais jogarem. Eu fazia gols e ele já pulava a arquibancada porque sabia que eu ia abraçar ele. Sensação maravilhosa. Eles tinham 4 anos e eu colocava a camisa do Corinthians nele e ele vinha jogar na quadrinha de terra que tinha onde hoje é o society. O auge do prazer foi jogar com ele, a primeira vez quando ele tinha 13 anos em uma Copa Marabá (torneio de inverno que se realizava na época). Depois no campo 3 anos após, ele já com 16. Ele se destacou desde o início fazendo gols. E jogamos juntos até hoje, ele joga no gol do Masters e eu na linha. Já fiz gol nele inclusive, de cabeça, um peixinho.
Sou Corinthiano registra ai, vi Pelé jogar, mas meu maior ídolo no Corinthians foi o Rivellino. Nunca fui fanático, torcedor de estádio, mas sempre acompanhei e gostei muito de futebol. Teve uma época que Jogava tudo que podia. Na Várzea, no Indiano e no Sírio.
Q: Última pergunta, aquela que o jogador nunca quer responder: Quando pretende se aposentar? Pensa nisso? Tem data definida?
R: Na minha cabeça acho que já devia estar parando, pretendo jogar mais uns 2 anos na categoria Master, até os 70 anos. Daí vou para o Super Masters continuar brincando pelo menos até 75.